quarta-feira, 1 de maio de 2013


HOMENAGEM A UM BRASILEIRO TRABALHADOR
Por Manoel Nazareno da Silva


 (Não houve protocolo. Aquele homem aproximou-se, sem cerimônia, chegando perto e mais perto do Presidente, com aqueles gritos como se fosse amigo de infância... A equipe de segurança tentou isolar o Presidente, mas Lula olhou pra eles, com um “Não” no olhar...)

- Ei, seu Lula! Dadonde o sinhô é?
- Sou do Nordeste, camarada.
- Dadonde?
- Sou nordestino como você, ômi. Sou de Garanhuns, Pernambuco...
- Só podia! Vem cá, ômi! Me dê um abraço, ômi! O sinhô num sabe, mas lá em casa, derna qui o sinhô foi elegido prisidente, a miséra foi simbora, ômi... Só num vô dizê qui votei no sinhô, porque num minto pra ômi nenhum. Num deu tempo aprendê a lê pra tirar o tito. Mas eu mandei recado pra todos meu parente que o ômi pra se votar era o sinhô...

- E tu acertou, ômi? ( os ói do nordestino, brasileiro, cidadão do mundo, que “não cursou nenhuma faculdade - mas, quando presidente criou um bocado delas - mas na vida se tornou doto”, ói de seu Lula marejaram...)

- E não acertei? Ói, Seu Lula, aqui hoje nós já tem o qui cumê o mêis intêro...E aqueles dois ali, tá veno? Meus netim, estão numa iscola... Aqui, antes do sinhô, num tinha iscola, viu? E tem até este troço chamado parambóca! Quem gosta é os minino...

(as mãos calejadas e os braços “tirnados” do ômi do povo que esbarrou em “Seu Lula” numa dessas andanças do nosso Brasil profundo, que aqui atende pelo emblemático e singelo nome de Brasilino, apertam “Seu Lula” com um misto de ternura e força...)

- Ma discurpe, qui num sô ômi de chorá, não... É qui quando malembro dos minino, e dos vizim,  penso no sinhô. (Brasilino falava e tentava esconder os olhos marejados...)
 - ...
- Ói, “Seu Lula”; apôis num é ingraçado? Eu ia muito vê seu Luís e sua sanfona cantá por estas bandas... Malembro e segurava no peito o soluço quando ele cumeçava aquela musca triste, da triste partida... Hoje, “Seu Lula”, a gente tá voltano; voltano pro nosso Cariri. Pur causa do sinhô, viu...

(Lula da Silva olhou para a sua equipe durante longos segundos. Ninguém se mexeu. Entreolharam-se todos por um bom tempo...)

(Brasilino abraçou um por um, todos os membros da equipe...)

- Ói, minha gente, eu fiquei gostando muito de vocês (o encontro durou cerca de 20 minutos), mas o meu abraço maior vai pra ele...

(E se dirigindo pra “Seu Lula”, abraçou-o como se abraço um filho... E falou baixinho para o Presidente: “Dê uma abraço a dona Dirma, viu. Diga a ela qui a luz tá boa qui tá danada. Os meu netim é qui gosta! Diga a ela qui o meu povo tá cum ela, viu? E cum o sinhô..).

(Depois do demorado abraço Brasilino, ajeitou a roupa, passou as costas da mão na face calejada, apertou bem os olhos, olhou na direção de Seu Lula e foi se afastando de costa, enquanto na sua cara nordestina o brilho era maior que o Sol... E virou-se, caminhando confiante de volta pra sua casa...)

(Seu Lula, numa palestra feita numa daquelas metrópoles do Velho Mundo disse para uma platéia de autoridades mundiais – e então os olhos marejaram novamente – que carrega o abraço de Brasilino pra toda parte).

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